segunda-feira, 30 de julho de 2012

Noites frias

Três da manhã... o detetive foi acordado pelo celular que insistia em tocar, era seu superior avisando de um novo caso.
Dor de cabeça! bebi demais outra vez, pensou o detetive... onde estive? como parei na minha cama? estou cheirando mal... mas vou trabalhar assim mesmo... o caso vem antes de meus problemas pessoais, o divórcio foi por isso!
Chega ao local do crime, o endereço é conhecido... uma velha amiga mora ali, foi quando deparou-se com ela semi-nua, suja de sangue...cena horrível, saiu da casa e vomitou.
Recomponha-se! disse-lhe o parceiro, e inciaram as entrevistas das possíveis testemunhas.
Ninguém havia visto nada, além do detetive qua jantara com a amiga!
Jantei com ela? não me lembro, será que eu fiz isso???? por favor não?? eu... Deus do céu, o que está havendo??? não sei nem como cheguei em casa, lembro de ter saído do trabalho e... nada mais!
Calma e vamos analisar melhor as provas, disse o velho parceiro.. confiava que o amigo não havia feito aquilo... imagine, nem pensar!
Apenas era suspeito por ter sido visto com a vítima. Mas estava suspenso do caso.
Provas analisadas e nada de novo, apenas constatavam a presença do detetive na casa da amiga.
Coisas estranhas etavam acontecendo... memórias falhas, sonhos nítidos de noites no frio e acordava de ressaca, sujo e sem saber o que havia acontecido antes.
Estou louco! ando saindo por aí sem saber... preciso de ajuda.
O velho parceiro sempre estava por perto, amigo de todas as horas, mantendo-o informado sobre o caso, mas nada de novo, tudo o colocava na casa da amiga, sangue, digitais...
Ele então resolveu investigar sozinho, sem nem mesmo o parceiro saber... filmava todo o seu dia para ter certeza de que não enlouquecera, fez o que lembrava ter feito.
Foi então que percebeu que o amigo também esteve na casa da vítima, eram amantes e não lhe contaram!
Cafageste! pensou, a esposa esperando em casa e ele por aí.
Grande traição... ele fora drogado pelo amigo todos os dias sem saber... esta na água, na bebida do bar, sempre que o amigo estava por perto ele passava mal e acordava sem memória.
Deixou-se levar pela raiva e matou o amigo, quando tornou a si, no desespero de saber o que fez, matou-se também, sem saber que ele era o real assassino da amiga, as drogas do amigo eram remédios calmantes, que infelizmente não faziam mais efeito, a loucura do detetive era real.
Foi à casa da amiga e violentou-a, o amigo apenas o tirou de lá  levou-o para casa, na esperança de aparecer um outro suspeito, não era amante da vítima, nem a conhecia.
Morreu sem saber quem era... melhor assim pensou o chefe e todos da divisão, a ignorãncia é uma benção... quem sabe o perdão divino venha mais rápido assim!
Esteja em paz na sua loucura, e que o amigo saiba  de lá onde esteja, entender o outro... era apenas louco, e nada mais!

Carina.

sábado, 28 de julho de 2012

Verde como o mar



Tirem as algemas. Quer água? Não. Tem certeza? Certo, vamos ver se eu entendi direito, Sr. Adalberto. O senhor disse que estava parado uns tempos na casa de sua amiga. Como é mesmo o nome dela? Conceição. Ah, é isso. Conceição. Tereza era sua esposa, correto? Respiração descompassada, mãos trêmulas, Adalberto, olhou firmemente para o delegado e disse: — Faz muito, muito tempo mesmo que não vejo a Tereza, estávamos morando em casa separada. Sr. Adalberto não estou perguntando nada. Claro, claro, só estou querendo colaborar. Vamos por parte, então, o senhor estava na casa da sua amiga militante política com um plano para sequestrar o presidente em sua visita ao Rio, correto? Sim.  Pelo amor de Deus, homem. Como posso acreditar numa loucura dessas. Por que não confessa que assassinou sua mulher, que ela o traía que perdeu a cabeça. Essas coisas acontecem, sabe. Por que o senhor correu quando avistou a polícia?  Não corri da polícia, é que quis alcançar Conceição. Ela estava fugindo do senhor. O que houve? Desentenderam-se? São amantes. Ela é bonitinha?  

Por favor, delegado, vamos com calma.  Calma? O quê? Já cansei dessa sua lenga-lenga. Guardas algemem o homem. Adalberto acordou com dores nas costas, noite mal dormida e que sonho terrível. Tereza ensanguentada, um cachorro lambia-lhe os lábios. Melhor confessar tudo. Não estou suportando. Não. Não posso confessar. É preciso manter a serenidade. Guarda, preciso de ajuda não consigo levantar-me.  O senhor pensa que todo mundo aqui é idiota, e?  Não, claro que não, só preciso ficar em pé.  É uma jogada sua. Mas é óbvio que não. Sou um cidadão, não um marginal.  Por que o sujeito aí pensa que é melhor que os outros, é?  O que você sabe da minha vida? Sabemos tudo doutorzinho de merda. O delegado teve uma conversinha com sua mãe. O quê?  É, e nem precisou intimação não, foi só um telefonema e ela veio rapidinho. Lindos olhos os dela. Verde como o mar. E como fala bonito.

O senhor é mesmo nervosinho desde criança, e pelo jeito chegado numa malvadeza, ver bicho morrer, cheirar sangue. Alguma tara doutor?  Vá à merda. Solta, solta meu pescoço, tenho meus direitos, senhor policial. Então porque o sujeito aí não desembucha, quem sabe eu entenda. Não tenho nada a falar com o senhor. Azar o seu, vai apodrecer nesta cela. Por um momento Adalberto pensou que seria melhor sim confessar. Chamar o delegado explicar direitinho o que realmente aconteceu, talvez ele compreendesse, era um homem. E Tereza deixava qualquer um louco. Falar de suas tardes de angústia, enquanto Tereza retocava o batom, suas pernas levemente bronzeadas, os cabelos molhados, a imagem do amante. Eles juntos. Não, no fundo sabia-se um fraco, um conservador, arraigado a velhos costumes, velhas ideias. O jeito era negar, negar, não fora ele e pronto. Limpou tudo antes de sair, a mesa, a garrafa de vinho, as taças, admirava sua organização, seu jeito excessivamente detalhista. Só não mexeu mesmo no corpo estendido no meio da sala, o punhal encravado no ventre, a poça de sangue que se formou, e o último olhar de Tereza. Por que será que aquele olhar, feito o da mãe, incomodava-lhe tanto. Ainda hoje, passado tanto tempo, sentado em frente ao mar, relembra cada detalhe. Tereza, a amiga Ceição, a mãe, os bichos, a infância, as noites na prisão. Solidão e tristeza, mas nada se compara ao azul daquele olhar ou seria verde como o mar.


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Crime na escuridão.







Foto Google.









Uma noite chuvosa com raios e trovões na cidade de pedra. A presença de minerais faz com que os raios sejam intensos. Coisa de dar medo com a sequencia de trovoadas vibrando as janelas das casas. Rua deserta com enxurrada parecendo rio. Por um momento a cidade ficou numa escuridão, após um raio riscar o céu descendo á terra. Com o apagão os sons da natureza se fizeram perceptíveis. Ouvia-se com nitidez o som das águas sobre objetos no quintal. Em meio à fúria da natureza, ouviu-se um grito vindo do fim da rua. Naturalmente devia ser alguém a correr e procurando se esconder da chuva, que não cessava. 

Finda a chuva e retorno da energia elétrica, a vizinhança logo procurou empurrar as águas, que acumularam nos alpendres das casas, que eram curtos e com parapeitos, onde as crianças e mesmo adultos gostavam de sentar para conversar. Neste instante alguém gritou, sobre a presença de um morto próximo à garagem da ultima casa. Foi correria geral, mas não gente conhecida. O sangue e água se misturavam, pela calçada. Uma vizinha cobriu o corpo com um lençol. Podia se ver perfurações de balas de arma de fogo. Todos estranharam não ouvir o tiroteio, pois se notava pelo sangue, que era coisa bem recente.

Junto ao cadáver, uma tampa das baterias de controle remoto e duas baterias pequenas, além das capsulas de calibre 32 foi, que foram recolhidas pela policia técnica. Os moradores em depoimentos negaram ouvir sons de arma de fogo alegando a ocorrência de fortes trovões naquela noite e a falta de energia. 

Pelas perfurações excluía a hipótese de queima de arquivo com execução, pois as balas atingidas ao corpo, não foram direcionadas à cabeça. Não poderia ser assalto, pois a pericia encontrou relógio no pulso e carteira com algum dinheiro e um celular no bolso do defunto. Então diante das evidencias, direciona-se a investigação para roubo, perseguição e morte do ladrão. A polícia com as evidencias e material colhido, estava convicta, que o criminoso era da rua, vitima de assalto à residência durante o apagão, viu o assaltante e o perseguiu, recuperando algum aparelho, mas ficando para trás o controle remoto. 

Sigilosamente a policia conseguiu o mandato de busca nas casas próximas. Assim nas incursões em uma delas observou  que o aparelho de DVD estava com o controle remoto sem tampa e sem baterias. Diante da coincidência, fizeram uma busca no quintal daquela casa e encontrou no meio da bananeira, o revolver calibre 32 com três balas deflagradas.

Toninho.
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Um belo fim de semana a todos os amigos e leitores.
Exercicio: criar um conto policial (criminoso, acontecido e causas) 
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Grato sempe Sueli por estimular a criação.


terça-feira, 10 de julho de 2012

CONTO POLICIAL: “O gosto pelo enigma”





O gênero policial se compõe basicamente de um crime e um detetive. Diferente do Terror, o Policial aposta no mistério e na lógica para prender a atenção do leitor. Seus personagens principais são sempre (criminosos e policiais) dotados de uma inteligência ímpar e o duelo desses gênios costuma ser o ponto alto do gênero. Autores do gênero Policial: Arthur Conan Doyle, Dashiell Hammett, Raymond Chandler, Luiz Lopes Coelho...

A morte de Maria Pia
Denúncia sem palavras

 Encontraram o corpo na estufa, cercado de begônias, avencas e samambaias. Estendido de costas, com uma tesoura de jardim enterrada no ventre. Agonizante, Maria Pia arrancara do peito uma cruz de ametista: ainda a segurava, apoiada no solo, com a haste maior para cima. Paralisara-se a outra mão no cabo da tesoura, na vã tentativa de arrancá-la. O corpo atravancava a única passagem da estufa, dividida por ela, cheias de vasos e xaxins, no chão e em prateleiras. Os pés voltados para a entrada. Não havia sinais de luta nem de violência carnal. Ao seu lado, cinzas de cigarro. Inelutável o raciocínio do velho Leite: se essa moça, depois do malogro do noivado, levou vida de freira, como está comprovado, o seu assassinato deve ser procurado na fase pregressa quando vivia normalmente com a família, na escola, entre os amigos.
Excluía a hipótese de ser um desconhecido ou tarado o autor do crime. Quando Maria Pia entrou na estufa, lá não havia ninguém, e a pessoa chegada depois era de suas relações, necessariamente. Explicava por quê. Primeiro, a disposição das plantas não permite um esconderijo. Segundo, se Maria Pia topasse com um desconhecido, não entraria na estufa. Terceiro: estava o corpo de costas, ocupando toda a largura da passagem, e os pés voltados para a porta. Maria Pia encontrava-se, portanto, de frente para a entrada da estufa, quando foi atacada; logo, já se achava na estufa, quando o assassino chegou. Quarto: correspondendo as cinzas encontradas a dois cigarros – e Maria Pia não fumava – depreende-se ter havido uma conversa mais ou menos longa entre a moça e o visitante. Por fim, Maria Pia conhecia o assassino, e o assassino deve ser procurado entre as pessoas de suas relações no tempo pré-monástico.
Luiz Lopes Coelho

Luiz Lopes Coelho (1911-1975) escritor- literatura policial.  O Homem Que Matava Quadros- A Ideia de matar  tia Belina- entre outros.


PROPOSTA


DATA DA POSTAGEM 26/07

Escreva uma narrativa coerente, criativa, com base nos seguintes dados:
O(s) criminoso(s); como o crime se deu; as causas.



segunda-feira, 2 de julho de 2012

Conquistas

Anne estava se arrumando para votar pela primeira vez!
Quanta felicidade...uma bela conquista, o sufrágio finalmente havia dado resultados após tantas lutas feministas, afinal, não eram mais apenas belos enfeites que os homens ostentavam por aí, agora votavam e tinham voz.
Olhava-se no espelho com ar de vitória, e pensava quantas mais conquistas iriam aalcançar, esperava que sua filha um dia iria à universidade, teria o futuro que escolhece, sem casamentos arranjados, ou de conveniência.
Estava feliz, sabia qual seria seu candidato, lera muito sobre ele e estava certa em quem votar, tinha opiniões políticas fortes, que agora sim, foi lhe dado o direito de expressá-las e não deixaria isso passar, sempre discutiria o que quer que fosse com seu marido, filha, amigos da família, enfim... aproveitaria a voz conquistada!
Como era bom votar, mostrar opinião... porém sentia-se triste por suas amigas que não chegaram a ver a luta ganha, foram mortas nas ruas simplesmente por quererem votar, serem ciadadãs ativas de sua cidade, de seu país, pometeu rezar por elas e agradecê-las todos os dis pela coragem, pela vitória, enfim, por serem mulheres!

Carina.