Lá estava ele em frente ao prédio, do outro lado da rua, pensando se deveria atravessá-la...
Tantos anos haviam se passado, tantas coisas ocorreram, todos estavam diferentes, ele imaginava, mas será que mereceria o perdão deles?
Tinha consciência do quanto seus atos afetaram aquelas pessoas, queridas demais, próximas demais.
Nem sentia-se merecedor de estar alí, tão perto, mas a saudade e o amor por eles falou mais alto, tinha que vê-los, saber deles...
Não...vou-me embora, nem sabem que estou aqui, que já saí daquele lugar horrível, pedi que não avisassem, vou-me para outro lugar, esquecer essas pessoas, não posso mais dar-lhes dor e sofrimento, já fiz o bastante.
Porém, assim como faltava-lhe coragem para ficar, faltava-lhe para ir, queria uma chance de perdão, de mostrar que aprendera sua lição, que tudo ficou no passado e futuro seria bem melhor.
Compreendeu que não conseguiria seguir em frente se não tivesse com aquelas pessoas, precisava dessa paz, de tê-los visto, saber suas reações, mesmo que não fosse como ele gostaria.
Muniu-se de todas as suas forças, finalmente atravessou a rua, chegou ao prédio, tocou levemente o botão correspondente ao apartamento e a campainha, lá em cima brandiu...
Carina.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
sábado, 17 de novembro de 2012
O homem atravessou a rua
Naquela
noite de frio intenso, eu seguia pela rua em direção a minha casa no ultimo
quarteirão desta. A cidade é cercada por serras e por um rio, que faz maior a sensação
de frio. Havia “serração” (densa neblina) que cobria a cidade e deixava tudo
translucido. Notei o vazio e silencio das casas sem nenhuma janela aberta para
a rua. Parecia noite mal assombrada, destas que contavam na Quaresma. Nem mesmo
os cães se ouviam os latidos, nem os gatos ruidosos eram ouvidos.
A
rua era calçada com pedras de minério de ferro, o Itabirito, que com o tempo
tornaram-se polidas e brilhantes. Com o sereno noturno brilhavam como
fosforescentes. Andar por ela era conviver com escorregões e quedas. Esta rua era
um terror para as mulheres com sapatos de saltos finos. Algumas eram habilidosas
equilibristas, outras não. Logo torciam pé e sofriam quedas seguidas de risos
de transeuntes ao ver a preocupação delas em não mostrar suas roupas intimas.
Vale saber que mulher naquela época, só usava longos vestidos e famosas saias plissadas,
exceto filhas de fazendeiros, quando montadas em seu seus cavalos, trajavam
calças compridas, chapéu e botas longas. Era lindo vê-las com seus cabelos
soltos sob o chapéu com um laço vermelho no pescoço.
No
final da rua ficava a igrejinha da vila e o armazém da empresa mineradora, logo
esta rua tinha movimentação maior, principalmente nos horários das missas,
novenas ou das quermesses do ano. Era
uma rua com casas dos dois lados sendo numero par para as casas da direita e impar
as casas de fundo para a serra. Tinham mesma arquitetura e todas elas tinham
uma varanda pequena ao nível do solo na entrada da casa, que chamavam de
alpendre. Eram todas da empresa VALE, nelas moravam somente operários, que
trabalhavam na exploração de minério na mina de ferro. As casas que ficavam de
fundo para a serra, eram elevadas do nível da rua, tinham muro de contenção, onde
eram instalados postes de ferro da iluminação, algumas possuíam escadas de seis
a dez degraus.
Próximo
da meia noite eu já estava no alpendre de minha casa e dei uma ultima olhada
para a rua, quando um
homem atravessou a rua
no quarteirão acima, chamava atenção sua roupa toda branca inclusive os
sapatos. Era alto e não parecia um morador da rua. Fiquei curioso a observa-lo,
mas a distancia e a péssima iluminação não ajudava muito. Quando ele se
posicionou sob um poste, notei que era uma pessoa magra, usava óculos. Seu
chapéu preto destacava naquele traje branco. Levava na mão direita uma sacola preta
e na outra uma espécie de bengala ou guarda-chuva. Ele posicionara em frente à
casa do Zé Agripino, parecia estar a conferir alguma coisa, como a ter certeza
do que procurava. Vi que ele subiu as escadas e sumiu da visão. Pensei ser um
medico para consultar a mãe do Zé, que não gozava de boa saúde, achei estranho
um medico naquela hora sem usar carro, mas sentindo muito frio entrei para
minha casa.
Pela
manhã quando todos esperavam o caminhão, que nos levava para a mina de minério,
aproximei do Zé Agripino, procurando noticias sobre sua mãe. Ele relatou que
era esteve muito mal na noite passada com uma canseira terrível, parecia que
morreria. Mas que próximo da meia noite ela deu um suspiro fundo e todos
correram para o quarto, mas ao chegar lá ela estava sentada na cama e rezando e
quem ao lhe ver sorriu, pediu um café com bolo e levantou normalmente, como se
nada mais sentisse. Eu ouvi tudo, senti um arrepio, mas não disse a ele sobre o
homem de branco, que vi subir a escada no horário relatado do tal suspiro
fundo. Ele não acreditaria, nem você leitor.
Toninho.
16/11/2012
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segunda-feira, 5 de novembro de 2012
O Começo da Narrativa
Pensando na história
como uma viagem, percebemos a importância do começo da narrativa para provocar
o leitor, despertar sua curiosidade, seduzir sua imaginação. Isto posto, como
se faz o começo? Muitas vezes, a história começa com a criação de um “clima”,
de uma “atmosfera”, para sensibilizar aquele que lê. Pode ser uma “atmosfera”
lírico-amorosa, de medo ou de mistério, por exemplo. A criação do “clima”,
geralmente, se obtém recorrendo à descrição. Pode-se descrever o lugar, o
espaço, o ambiente, ou seja, fazer uma caracterização do cenário onde o caso
vai acontecer. Logo nos primeiros parágrafos (AQUI) já observamos, que Eça de
Queirós utilizou esse recurso para introduzir a história de seu romance “O
primo Basílio”. Primeiro descreveu brevemente o protagonista, depois, o
ambiente.
DATA DA POSTAGEM
18/11/2012
PROPOSTA
Começar uma história
a partir do mote
"Um homem atravessa a
rua..."
Crie uma atmosfera sugestiva, a partir dos elementos narrativos presentes na frase
Como os escritores aqui são feras. Boa diversão .
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