terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O tear das Serra Gerais.










foto do Google




Nasci e vivi pelas terras mineiras nas primeiras décadas do século XX. Jovem ainda me encantou a operação do tear, com aqueles movimentos que pareciam mágicos com seu resultado final. Todos conheciam pela alcunha de “Tonho do Tear mágico”, mas sempre estava insatisfeito com o resultado, embora notasse o encanto nos olhos admirados. Com movimentos rápidos e sincronizados, lembrava àquelas aranhas caranguejeiras das bananeiras de todos os quintais.
Quando arguido sobre o segredo da perfeição, com sorriso nos lábios dizia:
_ O segredo na arte do tear está no amor ao tocar os fios e assim eles retribuíam dando vida ao tecido, o segredo é a suavidade dos toques das mãos num processo de caricias. Assim é na vida da gente o amor dever vir na frente. Mas sempre dizia que o mais lindo ainda estava por tecer, que fazia parte de um sonho e por ele morreria nesta maquina.
Certo dia na teimosia do sonho acionou a maquina como se fosse seu ultimo encontro, alta noite ainda se ouvia o barulho deste. Mas, pela manhã a percebeu-se silencio profundo. Alguém então começou a chamar e gritar, mas sem resposta, foi aos fundos da casa, onde um gato dormia na janela, as galinhas em desordem ciscavam nervosas pela espera do milho. A porta que dava para a cozinha estava fechada. Era a Joana preocupada e com medo que arrombou a porta e deparou com a cena, que ela jura ter sido a mais bonita vista pelos seus olhos, o tecelão enrolado no mais lindo tecido, que mais parecia tela de um pintor em meio aos restos de fios pelo chão, que lembrava os verdes campos da região. Joana movida pela emoção num abraço apertado quis logo saber se este era o sonho realizado. Então explicou para ela de sua jornada noite adentro no tear pela busca do tecido perfeito.
Refeito do acordar assustado, visivelmente cansado confessa que na madrugada, quando já sem animo, sentiu um toque de uma mão suave sobre as suas e um clarão no quarto e naquele instante o tear parecia vivo com movimentos contínuos, rápidos e suaves reproduzindo em tecido tudo que idealizara. Naquela manha na região uma romaria, para conhecer o tecido do sonho de Tonho, que feliz e sem muita admiração dizia:
-Foi obra dos Céus.
Toninho.
31/01/2012.

Minha idéia é sempre participar das propostas,mas as vezes sinto a dificuldade, mas sou teimoso em errar para acertar e aprender.Todas criticas serão sempre bem vindas.
Grato sempre querida Sueli pelo espaço.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Tecidos nobres

Aprendi na faculdade que coesão seria a "costura" do texto e que a própria palavra texto tem a ver com tecido, mas deixemos a etmologia de lado...
Por minha vez, procuro usar tecidos nobres, de grifes como Drummond, Lispector, Trevisan, entre tantas outras grifes que me dão tecidos para aquecer a alma, alguns mais rústicos, que me cutucam e me fazem acordar para uma nova realidade, outros já me embalam e acalmam, com cheirinho de lavado, tão bom de usar antes de durmir...
Grifes nobilíssimas, que utilizadas com cuidado não deformam ou desbotam, pelo contrário, quanto mais usamos mais belas e coloridas elas ficam.
Se eu pudesse tecer algo com a habilidades desses tecelões, teceria a alegria de saber ler, escreveria qua a melhor coisa que um ser humano pode fazer por outro é ensiná-lo a ler, a amar as letras e valorizar o poder de um livro, gostaria de um dia passar um pouco do amor e beleza deles a alguém que se propusesse a me escutar... sonho, quem sabe, mas também fui contaminada pela teia de Aracne, e espero envenenar também... veneno bom esse, que circula por nosso sangue e não tem cura, uma vez instalado!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Ambição demiúrgica


Aracne
"Na mitologia grega, Aracne( jovem lídia) quis medir-se na arte da tecelagem com Atena, deusa da Razão superior e mestra da tecelagem. Todos os deuses compareceram, e o concurso começou. Atena bordou as doze divindades do Olimpo em sua majestade e, nos quatro cantos da obra, evocou os castigos nos quais incorrem os mortais que ousam desafiá-las. Não se importando com essa advertência, Aracne representou em seu bordado os amores dos deuses pelos mortais. Ultrajada, Atena bateu na jovem com sua naveta. Desesperada, Aracne quis enforcar-se, mas Atena a impediu e a metamorfoseou em aranha, a qual, desde então, não cessará de balançar-se na ponta de seu fio. Ela é assim símbolo da queda do ser, da ambição demiúrgica punida e, portanto, uma advertência: ninguém pode rivalizar com os deuses".Jean-Paul Ronecker.

A Moça Tecelã
Por Marina Colasanti


DATA DA POSTAGEM 31/01/2012

PROPOSTA
Elabore uma narrativa

Se o tear mágico fosse seu, o que você faria com ele? Que ou o que teceria ou desteceria?