sábado, 20 de outubro de 2012

Iniciação


Foi num cinema poeira que achei os cigarros, esquecidos na poltrona ao lado. Não me lembro da marca, mas lembro que o filme era de Flash Gordon. Fumei três seguidos no banheiro acanhado. Um coroa de óculos escuros acendeu pra mim. No mais, só me lembro da tosse, da mão do cara no meu sexo e da nota de dez que ele me deu, depois. Foi assim que, num só día e pela primeira vez, fui fumante e prostituto entre naves estelares e pistolas desintegradoras na face ocidental do planeta Mongo.


Fred Nabhan- poeta (de mão cheia) e ex- integrante do grupo "O Tablado", Foi meu aluno na Oficina em Tatuí. O miniconto é fruto de um exercício proposto em aula.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Elefanta

Acordo mas não quero abrir os olhos.
Melhor seria cegar de vez do que forçar os olhos a não abrirem, sim, porque eles têm vida própria. Querem abrir-se, olhar, perscrutar o ambiente, encontrar essa vida nova que se inicia  depois da noite. Luto com valentia, aperto os olhos até doerem e eu começar a 'ver' luzinhas dançantes. Até de olhos fechados as coisas dançam a minha volta. Eu não quero isso. Quero minha vida regular, exata, de linhas retas. Sou dada às amarguras, tenho um humor amargo, seco, que me aborrece sem salvação além da dança. 
Os olhos começam a piscar insistentemente. Penso num ditado: cala-te, boca! No meu caso, precisaria dizer: fechem-se olhos!, pois já não podia mais contê-los. Abriram-se contra minha vontade. Tudo embaçado. Abro e fecho, abro e fecho, até me acostumar à luz que entra por uma fresta da cortina que, como as luzes das trevas, dançam. Tudo está como antes: gavetas fechadas, roupas guardadas, cortinas corridas, a não ser por esta pequena fresta de luz novidadeira que ora me cega ora me mostra o mundo até que me acostume com ela, e a música do vento. Talvez seja assim a partir de agora, depois do veredicto do médico, dançar somente pelos olhos, abertos ou fechados.

Alguns minicontos


 
Dia do branco.






Toda Sexta-feira Sô Olavo tomava banho com alfazema, vestia sua indumentária branca. Com seu sincretismo seguia para a Igreja do Senhor do Bonfim. Naquela Sexta-feira todos estranharam ao vê-lo seguir sem traje característico. Logo perceberam que havia tido um branco na cabeça.
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Estranha loucura. 

Joaninha cansada de todo dia varrer o terreiro, por causa dos periquitos e micos que sujavam o terreiro com cascas e folhas. Então ela foi à cidade comprou um motosserra. Agora todo dia de manhã ela liga o motosserra sob as arvores.
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A maldita cachaça. 


Apaixonado pelas canções de Roberto Carlos tomou todas as cachaças do boteco, cambaleou pela rua e caiu. Encaminhou-se para casa, chutou a porta cantando A namoradinha de um amigo meu. Levou um soco no olho e estatelou-se. Só então percebeu que havia chutado a porta casa do seu vizinho Serjão cara de Jumento.
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Sonhos alado


Sentou na varanda para fugir do calor. Observava um Iguana descendo pela coluna da varanda. Abriu o livro de Kafka e lia avidamente. Cochilou e sonhou. Acordou numa sala de ortopedia.
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A culpa. 



Sem paciência, numa mochila colocou roupas, cachimbo, um isqueiro, um canivete e R$ 100,00 roubados de seu pai. Colocou o boné do “Chicago Bulls”, foi morar pelas ruas. Um ano depois sentia frio, fome e saudade. Decidiu voltar, mas foi informado, que os velhos venderam a casa, para morar no interior de Pernambuco numa casa de recuperação de idosos alcoólatras.

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Sueli vai desculpando, mas devido a falta de textos postei os que exercitei.
Para sua sápia observação e orientação.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Minicontos

A luz rompeu, a escuridão se foi... a esperança renasceu.

Carina

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Gênero Minimalista- “Miniconto” ou “Microconto”


Observe a beleza do miniconto 
A partida de  Kafka 

Miniconto

A literatura contemporânea passa por profundas e velozes mudanças introduzindo novas formas na arte da escrita. O chamado “miniconto” ou “microconto”, um tipo de narrativa que tenta a economia máxima de recursos sem, no entanto, perder a expressividade e a beleza do texto, além de causar um impacto instantâneo sobre o leitor, surge com força no cenário literário.

Prova disso é a publicação em 2004 do livro: Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século, organizada por Marcelino Freire, em que os autores foram desafiados a escrever contos de no máximo cinqüenta letras.

..."Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá”, Augusto Monterroso, conhecido como menor e mais famoso miniconto do mundo; Dalton Trevisan, responsável pela canonização desse tipo de texto no Brasil; Julio Cortazar vem, juntamente com outros autores, reforçar a importância dessa nova estética.

Produzir uma narrativa com começo, meio e fim preservando as propriedades do conto dentro dessa nova estética, o miniconto, é o desafio que proponho.


DATA DA POSTAGEM-19/10/2012

PROPOSTA

ESCREVER UM MINICONTO

(Tema livre)