domingo, 24 de janeiro de 2010

E ele chega...

Como sabemos, enredo é o corpo de uma narrativa, comumente conhecido como o desenvolvimento de ações em uma linha de tempo, o enredo é a própria história narrada que contém as situações/ações, as personagens que se envolvem entre os fatos e as mudanças que ocorrem nelas e entre elas.

Considerando-se que enredo é também intriga e trama, estas são estruturadas a partir de um núcleo temático que será desenvolvido pelas personagens em todas as circunstâncias do percurso narrativo. Desse modo, o enredo pode ser de amor, de aventuras, de problemas existenciais, de problemas sociais, de fantasia, de ficção científica e etc.
No caso, enredo de problemas sociais, - essa história é relatada com ironia amarga, pois desenvolve o tema do menor infrator, evocando as condições sociais que o levam ao delito: pobreza (mora no morro), a ausência do pai, de educação sistematizada, de emprego (a mãe vê como fruto do trabalho (ironia do autor) os objetos com os quais o filho a presenteia).
O verso final de cada estrofe (“E ele chega”) é carregado de ambigüidade: ele chega a casa; aonde ele chega?
“Ele um dia me disse que chegava lá” Lá, na condição de superior e/ou na condição de marginal?

PROPOSTA-Elabore, mantendo as mesmas duplas da proposta anterior, um texto ou um crie uma crônica abordando a temática:“Problemas Sociais”

Veja as imagens ao som da bela musica de Chico Buarque como fonte de “inspiração” clicando em “enredo de problemas sociais”

DATA DA POSTAGEM – 09/02/2010

UM BOM TRABALHO

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Por que escrevo? (emos)



"É muito difícil escrever. Lembro-me de uma observação de Goethe que diz que nós somos seres coletivos. O escritor é aquele que fala pelos que não falam, que canta pelos que não cantam, que não têm até, num certo sentido, biografia pessoal. É muito difícil eu dizer isso porque desde a infância eu queria ser escritor. Se eu não escrevesse não me sentiria vivo, não me sentiria existindo. A única explicação que me ocorre é que eu escrevo para ser, para sentir que existo.
É aquela história: escrevo, logo existo. Uma resposta meio cartesiana".
Lêdo Ivo

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Jogo de Máscaras




Fantasiar deveria ser seu sobrenome. Era tão adepta aos devaneios que perdia a noção de realidade. Um fato que sempre esteve nublado na memória, assim como tantos outros. Memória seletiva. Um artifício. Mais uma vez selecionou um que recordava como criação, porém, depois de
tantos anos já não conseguia discernir se havia realmente acontecido ou era mais uma fantasia.


O desejo permeava a sua mente, pensamentos masculinos maculados por publicações baratas. Mas aquele momento era diferente. Diferente das páginas de revistas, diferente dos filmes baratos e assistidos escondidos. Era forte e profundo, determinado pelo impulso e um desejo que se mascarava sobre a forma de sentimento. Sentimento esse que não conseguia interpretar, mas que pulsava com a força do sexo.


A sala ampla, chão em tacos de madeira, sozinhos, na casa dele! Crianças, brincando com corpos. Descobrindo os sentidos. A cena ainda hoje a perseguia, deitados lado a lado, quando de repente com uma agilidade espantosa ele cobria seu corpo com o dele, pernas entrelaçadas, o peso do corpo. Engraçado como certos detalhes totalmente irrelevantes determinavam o contexto, como a luminosidade do lugar, as cortinas, o perigo de serem flagrados. Não temia a novidade, ansiava por ela, o que a assustava era a urgência do que estava sentindo. A beira de romper, uma represa. Crescente. Não poderia suportar por muito mais tempo. A falta da frieza racional do controle, isso a assustava.


Era a primeira vez. Havia calculado friamente como abordaria a garota nesse momento, quais seriam suas ações até já havia previsto a reação dela. Mas a vida ensina que tudo sempre é diferente. Os corpos não respeitavam as vontades do cérebro, simplesmente agiam, mãos escorregavam pela pele e o encontro das bocas tinha outro sabor. Momento único de perigo iminente. As máscaras por trás do relacionamento social, da vivência dos amigos, da aparência inocente perante os famíliares estava prestes a cair, rápido e confuso. Era estranho recordar
depois de tanto tempo.


Um namorico adolescente de portão, de banco de praça. O via passar da janela do seu quarto, essas casas antigas, onde as janelas davam direto para rua e essa janela para uma pequena praça,
quase sempre deserta. O ar de menino perdido em contraste com a arrogancia da determinação. Esses traços ainda hoje determinavam certos padrões.


O flash de sua visão passando ao longe pela janela lhe trouxe de volta ao à realidade. A máscara retorna ao seu lugar e ela retorna à inocência, o sentimento misto do proibido e do prazer cede lugar, provavelmente à vergonha e ao compromisso de inocência. Ela corre, foge, não do sentimento, ou do prazer, mas do processo em si, da forma como estava acontecendo. Não era como sonhava, pesadelos de relacionamentos passados ainda a perseguiam. Talvez, se ele tivesse insistido, fosse logo ao ponto, se evitasse as preliminares, talvez tudo fosse diferente. Mas foi o momento em que as máscaras cederam para retornar logo em seguida.

Fugiu... simples assim, fugiu como ainda foge hoje à menor possibilidade de dor. E aquela era uma possibilidade. Talvez tudo tivesse sido diferente. Talvez se ele tivesse insistido, ou talvez se tivesse deixado a janela aberta, talvez tivesse sofrido mais... um monte de talvezes sem fundamento. Doeu da mesma forma quando tudo terminou.


Um final sincero nas ações, mas sem verdade nos sentimentos. Final para garantir as aparências e mascarado sobre falsos pretextos. Um final alucinado de um relacionamento sem o gosto da maça. Amor de adolescente que se perpetua ao longo dos anos, que se estende pela rede em encontros virtuais. O sentimento, agora confuso, está nas pontas dos dedos, na textura fria do mouse e do teclado escondido atrás de novas máscaras, pixels, bytes, telas e redes sociais.


"Por que estou pensando nisso agora?" - levantou os olhos e
sorriu para o garoto que lhe estendia a folha do trabalho em sala. Isaque era o seu nome, assim mesmo com que. "Realmente é muito parecido com ele."
- Sabia que você é muito parecido com alguém que conheci? O garoto volta o olhar para a mulher à sua frente e imagina: -"Oba... Será que tenho chance com essa gata". Pensamento ousado, mas que reflete as semelhanças.


Fim.
Por Renato Fernandes / Catarina

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Máscaras e loucura.... um texto de Kalil Gibran

Lembrei-me deste texto Su e pensei em postá-lo aqui, sua proposta me lembrou muito esta passagem de Gibran. Só achei o vídeo em espanhol, abaixo uma tradução livre que já tinha aqui do texto em inglês.



O Louco ( Kalil Gibran) - tradução livre
Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:
Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia
confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei:
“Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende, este nos escraviza.

domingo, 3 de janeiro de 2010

LINGUAGEM-MASCARAS DO SER

As idéias não brotam do nada, elas fazem parte integrante da história do homem, de sua evolução, de suas conquista, de seus erros e acertos.
Um texto traduz a visão de mundo de quem o produziu, mas também traduz cisões de mundo de outros textos, da cultura em que está/estão inserido(s), da história da humanidade a que todos pertencemos. Sempre há um texto dentro de outro texto (ressonâncias, ecos, relações de oposição e/ou de semelhança, de conteúdo e/ou de estilo) - um texto e seus contextos.
Ler e produzir um texto significa ler e traduzir o que somos como indivíduo, na acepção particular e única de ser, e o que somos como indivíduo, no sentido do ser gregário, atávico, pertencente a um grupo social, a uma cultura, à humanidade.
Se entendermos linguagem como uma das máscaras do ser, também é correto afirmar que, por trás de todo texto, há um sujeito que se esconde, mesmo quando julga que está se expondo; cabe ao leitor, crítico, entender as razões pelas quais esse sujeito se declara ou se mascara. Ouça, aqui , como Clarice Lispector trata essa questão.

Dica de Leitura:
Mar de Palavras do livro “A eterna privação do zagueiro absoluto”
Luís Fernando Veríssimo.


PROPOSTA – DATA DA POSTAGEM 15/01/2010 

1- Crie uma história na qual as personagens assumam uma postura “declarada” frente à vida, ou seja, assumam suas idiossincrasias, suas dúvidas, seus fracassos, suas alegrias, enfim seu jeito de ser.

Ou pode optar pela proposta nº. 2

2- Crie uma história na qual as personagens assumam uma postura “mascarada” frente à vida, ou seja, escondam suas idiossincrasias, suas dúvidas, seus fracassos, suas alegrias , enfim seu jeito de ser.

Mas, você não está sozinho nessa empreitada, não. Enviarei o e-mail do (a) companheira (o) de trabalho e, juntos poderão desenvolver uma história de comum acordo quanto à proposta.


História pronta é só postar. DIVIRTAM-SE!!!!