sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Quem diria...




Olhando assim de longe ninguém diria que ela seria capaz daquilo. Tanta desordem.
Aparentemente não tinha motivo para tanto. Tantos sorrisos, tantos carinhos. Eram feitos um para o outro. E agora isso. Em cinco minutos a cidade inteira já sabia do ocorrido. Em dois segundos todos já julgavam. O que houve com ela? Não tinha do que reclamar... tinha um marido de ouro... Nossa! Deveria estar louca... Nunca desconfiei dela, sempre tão certinha... Quem diria!!! Especulações.
Mas quem estava ali quando escureceu e o fino fio escarlate maculava o tapete da sala?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

OFICINA -LITERATURA E PALCO

“Meus queridos"

Estarei na
ETAC-Escola de Teatro Arte e Comunicação
com a Oficina:

“LITERATURA E PALCO”
    
  Inicio:       19/03/2010
 Término:    19/06/2010
19:00 às 22:00
6ªs feiras

Inscrições-ETAC

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Gênero Minimalista- “Miniconto” ou “Microconto”



A literatura contemporânea passa por profundas e velozes mudanças introduzindo novas formas na arte da escrita. O chamado “miniconto” ou “microconto”, um tipo de narrativa que tenta a economia máxima de recursos sem, no entanto, perder a expressividade e a beleza do texto, além de causar um impacto instantâneo sobre o leitor, surge com força no cenário literário.

Prova disso é a publicação em 2004 do livro: Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século, organizada por Marcelino Freire, em que os autores foram desafiados a escrever contos de no máximo cinqüenta letras.

..."Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá”, Augusto Monterroso, conhecido como menor e mais famoso miniconto do mundo; Dalton Trevisan, responsável pela canonização desse tipo de texto no Brasil; Julio Cortazar vem, juntamente com outros autores, reforçar a importância dessa nova estética.

Produzir uma narrativa com começo, meio e fim preservando as propriedades do conto dentro dessa nova estética, o miniconto, é o desafio que proponho.

 
PROPOSTA
ESCREVER UM MINICONTO
(Tema-livre)
(Máximo de 10 linhas)


DATA DA POSTAGEM- 26/02/2010

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Mais um....



Outra vez.
E outra.
Mais uma vez.
Chova ou faça sol.
Destino traçado tostão a tostão.
Tochado goela abaixo.
Mais uma criança interrompida.
Desce o morro.
Mais uma criança.
Que arrasta o corpo.
Mais um corpo que carrega outro.
Mais um meio atropelando o inicio.
Mais um dia sem fim.
Sem Cruzeiro.
Cruzado.
- É 10,00 Real moço!
Mais uma criança.
Mais um treco.
Mais uma que sobe o morro.
Outra vez um trapo.
Outra vez sem corpo.
Outra caixa.
Do lixo ao lixo.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Parabéns para você nessa data querida. Muitas felicidades, muitos anos de vida. Para Walter nada. Tudo! Tudo. Então como é que é? É...é...
As bexigas coloridas. A família reunida. A mesa decorada. Apenas um bolo no centro da mesa, bolo de fubá com cobertura de chocolate. Jarras de suco. Suco artificial. A data do aniversário nunca passou esquecida, mamãe sempre comemora dessa forma. Percebi que nesses meus 14 anos, nunca tive um presente que sonhasse no meu aniversário, também não os tive no Natal e em nenhuma outra data comemorativa. Aqui no morro, meus amigos também não ganham nada significativo. E ainda dizem que tenho uma mãe e um pai que fazem tudo por mim e que não posso reclamar, pois eles estão em situação pior. Minha mãe é realmente uma mulher especial, trabalha de empregada numa escola de bacana e conseguiu uma bolsa para mim. Ela acha que fez o melhor que pôde, mas, não sei se realmente o fez. Enquanto eles todos têm o kit escolar do melhor, eu todo ano tenho uma mochila vinda de doação. Enquanto eles têm os tênis de marca (aqueles que eu sonho ganhar nas datas festivas), eu, muitas vezes tive de ir de chinelos de dedo. Sou apontado no intervalo. Aqui não tem merenda e eu nunca tenho R$ 1,00 para comer na cantina, às vezes minha mãe me chama e escondido eu como um pouco da marmita que ela traz. De manhã venho com ela de ônibus, mas, na hora de ir embora eu vou a pé, para economizar. Por mim, é bem verdade nunca mais voltaria. Porém, minha mãe disse que passa o que passa para me ver bem formado. Disse que vou ser médico, o sonho dela é que eu seja Dr. Nunca falei a respeito disso com ela, de certa forma, pela sua ignorância, não quero magoá-la. Médico? Vejamos bem, nós temos aquele certificado de miserável (vivemos abaixo do limite da pobreza). Meu pai, gari chegou todo feliz. Ganhou um curso técnico e passou para mim. Todo sábado vou ao curso, torneiro mecânico. Para que, diga-me para que um futuro médico, precisa se formar torneiro mecânico? São simples e ignorantes. Uns amigos meus lá do morro, andam fazendo “um dinheirinho”, e colocam coisas gostosas na geladeira, ajudam os pais a pagarem as contas, andam “nos panos”. Disseram que se eu quiser me arrumam uma vaga. Na escola eu já percebi que tem uns que curtem as mercadorias que eles vendem. De repente aqui eu faço uma boa clientela. Decidi que sim. Comecei a vender para um, que já falou para outro e mais outro e assim fui crescendo. Comprei todos os presentes que almejei em pouco tempo e meus pais um pouco chateados andam desconfiados de mim. Ainda sou um bom aluno e faço tudo do portão para fora, não quero complicar a vida da minha mãe. Já avisei para ela, no meu aniversário de 15 anos nada de bolinho de fubá com suco artificial. Vamos mesmo é fazer um churrasco com carne de primeira, refrigerantes de marcas boas e bebidas alcoólicas para os adultos. Nunca bebi e nunca me aproximei intimamente das mercadorias que vendo. Acho que não dá para misturar, sou um bom comerciante. Apenas!
Lá na escola as coisas já mudaram, todos me convidam para baladas e me chamam para ficar no intervalo. O problema é que meus amigos lá do morro é que me olham diferente, dizem que eu fiquei metido, que não saio mais com eles. Eu sei que a probabilidade de ser pego com eles é muito grande. Juntos, somos muitos favelados. Já com o pessoal da escola não há tanta marcação policial, eles são elite e com eles eu só tenho a crescer. Sábado agora é meu churrasco convidei todo pessoal da escola e também meus amigos do morro. Precisa ver como a casa está bonita, dei uma bela reformada. Parabéns para você! Tudo... Tudo... Então como é que é... é...papapapapapa.....Eu não comprei rojões...que significa isso? Tiros, muitos tiros. Entraram em casa e não atiraram em ninguém. Apenas em mim. Fiquei tetraplégico. Minha mãe saiu do trabalho para cuidar de mim. Meu pai assumiu o curso de torneiro mecânico. Quando vamos ao médico minha mãe calça nos meus pés os tênis de marca que tanto desejei e sei que por esse desejo aqui estou nessa situação. Nunca mais falamos sobre eu ser um Dr . Nunca mais falamos sobre nada, mamãe e eu passamos tardes silenciosas. Ela a preparar os tais bolos de fubá para eu tomar meu café da tarde. Ela se decepcionou comigo. Eu sinto. Papai decepcionou-se comigo. Eu sei. Mas, eles não falam sobre isso, apesar de tudo, dão graças a Deus, por eu estar vivo. Também me decepcionei comigo, pois nasci no morro, e não tenho sequer direito a comida boa e coisas tão simples. Silencia o fato de eu ser pobre. Miserável. Silencia o fato de eu não ter nada, mas, estar no mundo capitalista que me impõe tantas coisas. Silenciam as minhas pernas, que já não mais andam. Todos dirão que sou mais um marginal que buscou o lado mais fácil. Tolice. Esse lado é sempre o mais difícil. Cá estou eu... Vivo!! E como dizem: - “a esperança é a última que morre”. Então meu pai todo sábado diz: - Dias melhores virão e nossa vida será outra depois que eu me formar um Torneiro Mecânico!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

"POESIA E CONTEMPORANEIDADE"

"Agendem-se, meus queridos"


Dias 16, 17 e 18 de março estarei no SESC/SOROCABA com a
Oficina
“Poesia e Contemporaneidade”
Encerramento no dia 18 de Março com um sarau literário.
Como é uma parceria do SESC com a Oficina OTELO, as inscrições, acredito que, serão na Otelo