segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O MAR



A primeira vez que vi o mar
Achei que era água e espuma
Achei também que a espuma parecia algodão

Quando vi o mar de novo
Achei que as ondas eram soltas, fora do mar
(As ondas esperavam que o sal nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada
O sol se misturou com as estrelas
E o espírito da vida à se mover sobre o meu olhar


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Toda ela Quero Dizer

Me alucina

Sua voz, a se pude-se ouvir sua voz

Pela primeira vez, ouvir com gosto de ver

Emitindo, transmitindo, reluzindo

Sua imagem, sua luz,

sua voz

A se pudesse, iria ...

Corre pela minha alma, vontade

De ver te assim, te ver assim e assim te ver

Simples, leve e poética.


Porém, não vou

Não vou mais, não posso.

A duras penas.

O relógio bate, os ponteiros giram.

Você fica, distante.

domingo, 22 de agosto de 2010

O texto poético

Poesia é a arte do verso.
Umberto Eco, diz que:
“Poesia é aquela coisa que muda de linha antes que a página tenha terminado”

Podemos pensar também na etimologia da palavra:
A palavra “põiesis” em grego estava ligada ao verbo “poiein”, cujo sentido originário era “fazer”. Dentro da experiência grega, qualquer modalidade do “fazer” pertencia ao âmbito da poesia. Assim, o próprio trabalho manual ficava no domínio do “fazer poético”
É somente a partir do pensamento de Platão que o conceito vai, sem adquirir ainda uma acepção especializada, aparecer mais claramente como atividade criadora em geral.
Em uma passagem do Banquete, Platão relaciona o conceito geral de poesia com o de música e composição métrica. Essa idéia estendeu-se até os tempos modernos. Depois muito mudou. E como mudou!!!!

Teresa
Manuel Bandeira
A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna
Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)
Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.


DATA DA POSTAGEM- 06/09/2010


PROPOSTA


Escreva um poema sobre algo ou alguém que você viu, e que deixou uma sensação especial, diferente de todas que já sentiu. O poema de Manuel Bandeira poderá servir de fonte de “inspiração”.


segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Encontros...


Toca o celular!
Alô. Podemos sim, à noite? Combinado!
No escritório. A amiga ri e explana:
- "Eita Luis", vive nas nuvens, ultimamente!
Tenho demonstrado isso Ana?
Sim...não somente demonstrado, além disso, tem transmitido uma energia boa.
Sabe Ana: há coisas inexplicáveis que nos vem de surpresa. Veja você...que com quase 60 anos eu jamais imaginaria um encontro desses. E eis que ela surgiu.
Veio assim: devagarinho, com palavras doces, um sorriso belo, um olhar profundo, brilhante, suave, enfim...
Somente ao conhecê-la, entenderás!
Porém, se por ventura, exigir uma definição, posso apropriar-me de uma frase que diz muito:
" A poesia não se entrega a quem a define" - Mario Quintana

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Uma ópera


Eu poderia tecer longos comentários sobre sua figura, a começar pelo seu porte perfeito, músculos definidos e belos, andar altivo, passos firmes sobre a rua pedregosa. Depois, lentamente, me deleitar observando a textura da sua pele, ou ainda rir das suas mãos soltas a tremer de frio, naquela tarde de julho. Poderia falar sem nenhuma dificuldade do seu olhar límpido e sereno a transmitir uma infinita ternura, e do perfume que exalava de seus cabelos caídos sobre os ombros.
Da sua alegria ao escutar as maritacas naquele fim de tarde, ou ainda do seu sorriso largo ao olhar no céu o barrilete, que o menino alegremente empinava. Essas e outras tantas coisas poderia eu falar, mas nenhuma palavra, nenhum verso, nenhuma poesia seriam suficientes para descrever tua figura infinitamente amada. 
E se eu tivesse o dom da musica, tua figura serviria tão somente de ponto de partida. E se eu me dispusesse a cantar, tua figura seria uma ópera a preencher a minha vida.