segunda-feira, 12 de maio de 2014

Menino da poeira em olhar refletido.


Menino da poeira.












Um menino que cresceu sobre pedras, que lhe inspiravam a cantar a cidade com suas grandezas. As pedras que por lá brilham, estão presentes nas casas, nas pessoas, nas ruas e igrejas. A cidade cercada de serras, explodidas todos os dias. Era lindo ver a poeira subindo na nuvem reluzente. Menino nada entendia da poluição e devastação.

Todos os dias pela manhã o menino subia a serrinha em frente a sua casa, de lá sentia o ronco das explosões, a terra tremer como dias de trovão. Era lindo aquele pó brilhante, espalhar pela cidade, assistia a mais severa degradação com brilho nos olhos. Somente mais tarde percebeu com olhos tristes, o fim de suas serras lançadas sobre os vagões em direção ao Japão.

Ainda hoje, quando o sol se faz presente lá em Itabira, as ruas ficam brilhantes, as pessoas brilham como se estivessem com purpurinas. Agora distante no tempo, olha o espelho para o menino crescido, ouve explosões, e sente a teimosia de uma lágrima que umedece a pedra em seu coração.

Agora vejo que lá vai o trem com seus vagões, apitando e serpenteando pelas serras, levando parte de minhas lembranças, que em pó se fizeram na distancia. Mas ainda brilha em mim.


Um olhar refletido.
 


Quando me vejo num frio espelho,
faço uma bela viagem encantada,
nestes fios brancos do meu cabelo,
contam historias de uma jornada.

Em nenhum momento pensei pintar,
apagar estas marcas de uma vida,
pois minha fala vai me delatar,
todas as experiências adquiridas.

Que dizer da cor cinza deste olhar?
Que se fez verde numa primavera,
diante um por de sol a me inspirar,
vê no espelho uma vida efêmera.

Mas no fundo carregam a saudade,
a infância bem vivida no interior,
aquele menino feliz na tenra idade,
recria sonhos na vida de sonhador.

Pelos caminhos de pedras suportou,
com fardos pesados da vida dura,
na imagem espelhada que restou,
um menino dentro da armadura.

Toninho.
08/05/2014
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É sempre bom estar aqui a participar dos exercícios propostos pela querida Sueli Aduan. Grato sempre Sueli.


 

sábado, 3 de maio de 2014

Eu por mim...

Sou aço;
Simples, forte,
Brilho mais a cada martelada que a vida me dá,
Sou clara, lisa, talvez com alguns riscos que os dias e a maturidade me deixam,
Às vezes, escureço, preciso de polimento, me renovo;
Sempre inteira mantendo a integridade, lutando para não envergar,
Mas não sou fria, seca, imóvel,
Nem poderia, tenho coração, rio, choro, sinto!
Assim sou, uma viga de aço, mas com alma.