sábado, 31 de julho de 2010

Libélula


Estive vendo sua foto hoje. Tão leve. Reparando em cada traço do seu rosto, contido. Elegante por natureza exibindo em si os traços longilíneos em contraste com uma certa rudeza pré-histórica. Silenciosamente o sorriso furtivo, monalísico estampou meu rosto ao imaginá-lo com asas, longas e transparentes em prisma sob o sol.
Asas assim te vejo, com asas. Livre de espírito, preso ao próprio destino. Voando baixo, libélulescamente rasando sobre mim, permanecendo por tão pouco tempo e num voo rápido me deixando espelhos d´agua. Renascido, tão perpétuo quanto o inseto. Atraído por espelhos d’agua satisfeito se vai tão veloz. Me deixando espelhos d’agua.


sexta-feira, 30 de julho de 2010

E se me dispusesse ...

Quintana, Mário. A preguiça como método de trabalho. Rio de Janeiro, Globo, 1987.p.93-4.

 O retrato de Eurídice
Não sei por que há de a gente desenhar objetivamente as coisas: o galho daquela árvore exatamente na sua inclinação de 47 graus, o casaco daquele homem justamente com as ruguinhas que no momento apresenta, e o próprio retratado com todos os seus pés-de-galinha minuciosamente contadinhos... Para isso já existe a fotografia, com a qual jamais poderemos competir em matéria de objetividade.
Se tivesse o dom da pintura, eu seria um pintor lírico. Quero dizer, o modelo serviria tão-só de ponto de partida.
E se me dispusesse a pintar Eurídice, talvez viesse a surgir na tela um hastil, o arco tendido da lua, um antílope, uma flâmula ao vento, ou uma forma abstrata qualquer, injustificável a não ser pelo seu harmonioso ímpeto e, câmara lenta, pela graça da linha curva em movimento, porque Eurídice afinal é tudo isso... É tudo isso e outras coisas que só os anjos e os demônios saberão.


A proposta descritiva de Mário Quintana nos proporciona possibilidades sensoriais e imaginativas muito grandes. Observe que o poeta se propõe a utilizar imagens que não têm nenhuma relação direta com o objeto retratado, criando um processo de grande intensidade poética.


DATA DA POSTAGEM- 16/08/2010

PROPOSTAS

Com base no mesmo procedimento da proposta descritiva de Mário Quintana, que imagens você utilizaria para descrever:
    
1-uma mulher de formas suaves e equilibradas.

Ou pode optar

2-um homem de estrutura física bem proporcionada.


sexta-feira, 23 de julho de 2010

Quase exato!


Crio problemas.
Que são grandes problemões.
E pequenos problematicos
E minúsculos probleminhas
Crio problemas que são difíceis de serem resolvidos
E que são quase sempre resolvidos
E quase nunca solucionados
Eu crio quase problemas, quase soluções, quase respostas
Mas eu não crio o exato
Eu crio palavras que são opostas as exatas
E que são quase poesias
E quase contos
E quase romances
Eu crio na verdade, sim! Crio problemas!
Problemas entre as personagens que são quase conflitos
E os conflitos são quase intrigas
E as intrigas são quase desfechos
E os desfechos são quase
Quase incoerentes e quase coerentes
E esses problemas todos são quase poemas, ou quase contos, ou quase romances, ou quase....
Sem respostas...por que eu disse..que crio sim, somente:
Os problemas!!!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Sueli cria quase medos que são quase


Sueli cria quase medos que são quase anseios que
São quase destemperos que são quase pesadelos
Num jogo de nervos

Que são quase medos
Quase anseios
Quase destemperos
Quase pesadelos

Que são esse jogo de nervos
Dos quadros da Sueli

 
Suuuelliiii criaaaa quase tremoresss queee sãoooo
(ecos libertadores)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Sueli cria quase borboletas que são

Sueli cria quase borboletas que são quase vôos que
São quase asas que são quase sonhos

Num jogo de liberdade
Que são quase borboletas
Quase vôos
Quase asas
Quase sonhos

Que são esse jogo de liberdade
Dos quadros da Sueli

Suueeliii criaaa quaassee borboleettaas quuee sãooo...
(ecos da existência)

 
 

segunda-feira, 5 de julho de 2010

EU CRIO ...QUE SÃO QUASE...



PROPOSTA

Escreva um poema, coloque título, seguindo a mesma linha de raciocínio do vídeo, ou seja,
Eu crio... que são quase...
(pode-se usar outra construção sem ser figuras geométricas)

Por exemplo: animais, paisagens,situações, dentre outras.
Eu crio borboletas que são quase....
Eu crio árvores que são quase...
Eu crio medos que são quase...


DATA DA POSTAGEM

15/07/2010