sábado, 4 de junho de 2011

Memórias de um silêncio eloquênte.

            Pensei em te agarrar pelo colarinho, te chacoalhar, gritar, pensei até em te esbofetear.  Até entender o que estava fazendo.
            Pensei em ignorar.
Pensei em disfarçar, em me fingir de santa.
Pensei em dar um tempo.
Pensei em sumir.
Pensei em te castigar.
Pensei até em te humilhar. Causar escandalos. Colocar sua vida na lama.
Pensei que se eu dissesse, que se eu me fizesse presente e se relevasse entenderia.
Eu pensei também que isso tudo era uma grande bobagem. Uma coisa de momento, que iria passar e eu tocaria a vida.
Ah pensei em ir atrás.
Pensei em implorar.
Eu pensei...
Em fugir.
Pensei em correr.
            Em me esconder.
            Pensei em que faria com essa raiva, que é a antítese desse amor.
            Diacrônico.
            Pensei, pensei tanto, pensei tudo.
            É o que me há de fazer.
            E guardei o silencio.
            Que é eloquente.
    ... não há de ser em vão.
   

5 comentários:

  1. ..."E guardei o silencio.
    Que é eloquente".

    Parabéns, Kátia.
    Além da belíssima foto com direito a frase filosófica,o poema totalmente dentro da proposta,perturbador em seus versos amorosos,denso. ADOREI!!!

    grata,

    beijos

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  2. Peço apenas o teu silêncio,
    como uma criança pede uma flor
    ou um velho pedinte um bocado de pão.
    Um silêncio
    onde a tua alma se embrulha, friorenta,
    trémula, à aproximação das invernias.
    Um silêncio com ressonâncias de antigas primaveras,
    de outonos descoloridos
    e da chuva a cair no negrume da noite.

    - Vá, motorista de táxi,
    transporta-me
    através das ruas da cidade inextricável,
    vertiginosamente,
    buzinando, buzinando,
    abafando o ruído de um outro silêncio!

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  3. Excelente blogue que me recomendaram, muito bom, desconfio que vou ter muito que ler

    Parabens a todos este poema é eloquente, gostei

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  4. Obrigadíssima, Antonio. Sim tem "muita coisa ótima" para vc ler, então, amigo sinta-se à vontade a casa é nossa.

    abraços.

    Sobre o poema a Katia comenta.

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