domingo, 27 de fevereiro de 2011

Dissidencia de um Itabirano.











 Centro da Cidade Itabira.










Dissidencia de um Itabirano.


Uma eternidade vivi lá em Itabira
Infelizmente nasci ali
Hoje sou alegre, capoerista,farristas sambista baianeiro

Cem por cento negro
Vinte por cento feito deste sol que me queima a pele.
E esta solidariedade que me acompanha
É pura herança que favorece na comunicação

A vontade de nadar que tira a vonta de trabalhar
Vem das lembranças de Itabira,sem praia sem sol
Sem  Por do sol para me inspirar  nem das moças feias do lugar.
A amarga herança itabirana.

De itabira eu trago algumas lembranças em forma de presente
Este pedaço de  pedra de uma serra que nao mais existe.
Este passaro empalhado que vivia no meu quintal
E este lambari fosseificado da fonte Agua Santa hoje extinta.
Não tive nada naquela cidade,nem dinheiro nem amores

Hoje sou um engenheiro aposentado
Um baianeiro descansado.
Itabira é aquela foto na parede
Que se não dói
Vem a traça e corroi.


Uma parafraseado-parodia com Confidencias de um Itabirano de Carlos Drummond de Andrade, logo abaixo.


Toninho.
Apenas um exercicio,pois amo demais minha cidade.

 Obrigado Sueli pela idéia e convite,com este fecho minha participação neste exercicio de parodia-parafraseado.

Observação: Como Drummond tambem sou de Itabira-MG



  Homenagem a Drummond

Fazenda da familia(reconstruida)

 

 

 Confidência do Itabirano

Carlos Drummond de Andrade


Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!

2 comentários:

  1. Apenas um exercício???? Bem, pelo resultado, há muito está nessa prática tão valiosa.

    E, fecha com chave de ouro,
    grata por "embelezar" o nosso 'Escritos".

    forte abraço.
    sueliaduan

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  2. Caro poeta Toninho, as lembranças são únicas, só se lembra quem as viveu, e vc deve amar demais a cidade onde nasceu, pois até em seu pseudônimo ela está, adorei seu texto, parabéns querido amigo Bahianeiro... Beijos poéticos. Ignez.

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