terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Poema de Natal

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

Vinicius de Moraes

2 comentários:

  1. A todos os seguidores e escritores aqui chamados carinhosamente de escrevinhadores,gratíssima.

    Queridíssimos
    Desejo muita alegria, muito riso que a festa aconteça sempre dentro dos nossos corações.
    sueliaduan

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  2. Grato minha amiga incentivadora durante todo ano.Senti falta de uns exercicios neste periodo.Que em 2013 possamos estar nesta mesma sintonia.
    Paz e harmonia com muita poesia e alegria em sua vida e familia.
    Renova-se automaticamente o contrato de estarmos por aqui.
    Meu terno abraço de admiração.
    Bjo no coração.

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