sábado, 25 de fevereiro de 2012

Sou único ou Sou os outros?

Perguntaram-me o que era ser corajoso?
E a partir desta incógnita comecei a matutar se ser corajoso é o O’Connell destruindo a imortalidade de uma múmia ou é ser desprovido de resentimento, quando o mundo o usa como sinônimo de chacota para algo impossível ou improvável – como no caso de Sherlock Homes.
Na realidade quando recebi esta incumbência verbal da professora fiquei ruborizado - não não, não de vergonha, mas por estar pensativo. Pois quando os sons da professora colidiram com os meus ouvidos:
- João o que é ser corajoso? - fiquei tentado a descobrir a essência da coragem e como ela se propaga pelo universo. E durante a minha busca, por esse Santo Graal embalsamado, encontrei em diversas literaturas que tentam explicar o que faz o homem tomar atitudes que muitas vezes não tomaria.
Enquanto refletia senti que os barulhos externos diminuíam, enquanto me aprofundava na aventura. Passeei pelas tentativas de andar de bicicleta sem as rodinhas auxiliares, a primeira janela quebrada, o primeiro drible digno de copa do mundo, o primeiro beijo roubado atrás da caçamba de entulho, dos monstros debaixo da minha cama e presos no armário.
Lembrei-me também do que Alvo Dumbledore falou no final do primeiro livro do Harry Potter, que precisa de destemido para enfrentar os inimigos, mas tem de ser corajoso para enfrentar os amigos, e do diário da princesa, que a chatonilda da minha irmãzinha me fez assistir pela milhonéssima vê,z quando o pai fala para filha que ser corajoso não é ser insensível aos seus fantasmas, mas sim ter forças para enfrenta-los.
O LÁPIS CAIU. Olhei para o chão e encontrei o lápis que alguns segundos atrás estava sendo rodado por mim sobre a carteira. Ao levanta-lo para junto do meu caderno encontrei a sala do mesmo modo que havia deixado.
As cadeiras estavam enfileiradas e voltadas para lousa onde se encontrava Dona Marli – a professora de português- que ainda tinha o gís apoiado na lousa perto da palavra Rei Artur e os cavalheiros da távola redonda. Porém diferente de quando embarquei para a minha viagem, a galera (incluindo a prof.) estavam agora olhavam para mim.
- João, você me ouviu?- respondi prontamente que sim com a cabeça para a dona Marli – Então responda o que é ser corajoso para você? Retrucou Dona Marli.
Neste momento fiquei tremendamente ruborizado, agora sim de vergonha – admito- e na minha cabeça veio uma vozinha perguntando:
- E agora João vai fazer papel de bobo ou de visionário, será que a galera vai achar que eu sou NERD ou lunático, falo o que realmente pensei ou digo que não sei ou invento qualquer desculpa para sair da sala. O que um herói que é a denominação para um corajoso faria?
Olhando para a professora, que refleti agora um olhar de preocupação sobre meu real estado de saúde. Ajeitei-me na cadeira, respirei fundo duas vezes e coçando a cabeça comecei:
- Então Dona...

3 comentários:

  1. São tantas definições,conceitos... não é, Vaneza?

    Gostei muito do "caminho que percorreu" (escolheu) e da forma delicada, poética como elaborou o conto.
    Bela estréia,parabéns.

    grata,querida.

    bjão.

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  2. Parabens Vanessa, voce fez uma bela descrição de como definir a coragem com bela analogia.Otima sua participação é sempre bem vinda neste espaço maravilhoso da Sueli.Esta torca de ideias e sentimentos é muito boa.Meu abraço.

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  3. Realmente não é uma resposta fácil de se dar, ou que agrade quem receber...lindo Vanessa!

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