sábado, 25 de fevereiro de 2012

Dona Coragem




Imagem Google








Viveu nos anos 60 na cidade de Itabira-MG Dona Geraldina, uma mulher destemida, que todos respeitavam ou tinham medo, embora sem registros de atos de violência. Sempre pronta para servir e não media esforços para fazer o bem. Pelas ruas sempre com um pedaço de pau para lhe dar apoio, devido a um acidente. Com aquele pau a escorar e aquele saco de aniagem sempre ás costas, era para as crianças uma figura dos contos de terror. 

Na cidade tinha uma rua com algumas casas de tábuas, que se dizia assombrada nas noites da quaresma. Numa destas casas, mas precisamente a da esquina morava Julião, famoso personagem de brigas noturnas em casas de prostituição e campo de futebol. Aquele sim era conhecido como galo de briga e merecia cuidados especiais, diziam até que ele tinha uma morte nas costas, de quando vivia lá pelas bandas do Vale do Jequitinhonha. 

Numa noite de sábado Geraldina voltava de suas andanças já tarde da noite, quando passando pela rua ouviu gritos de mulher vindo da casa de Julião. Não pensou duas vezes e se dirigiu para a porta e bateu fortemente com aquele pau. Julião a abriu bruscamente. Ela viu a mulher de Julião com sangue pelo rosto e num impulso, ela se atirou sobre o caboclo e os dois encenaram uma briga que ficou na historia da cidade, pois todos os vizinhos, que até então, estavam calados diante dos gritos da mulher, saíram para a rua e não acreditavam, no que viam daquela mulher, que batia no Julião sem medo de sua fama, tanto que ele caiu desacordado numa moita de espada de São Jorge. Então ela balançou e ajeitou sua longa saia seguiu rua a baixo, como se nada tivesse acontecido. 

Pela rua só se ouvia os cochichos enaltecendo sua coragem. O que se sabe, é que Julião nunca mais bateu em sua mulher, nem nos filhos e que estava sob os olhos do delegado da cidade.

Toninho.
24/02/2012.

Com este conto denuncio a odiosa onda de violência contra a mulher em numero crescente em Minas Gerais.

“Quem perde seus bens perde muito; quem perde um amigo perde mais; mas quem perde a coragem perde tudo”. Miguel de Cervantes

9 comentários:

  1. Querida Suely,grato sempre pelo espaço.
    Tentei ser curto.
    Um belo fim de semana e meu carinhoso abraço.
    Beijo.

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  2. Belo conto,Toninhobria. Na medida exata .:o)
    Valente e corajosa Dona Geraldina , ficção e realidade.

    É sempre um ato de coragem denunciar injustiças, parabéns.

    abração
    ótimo fim de semana

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    1. Grato minha amiga, as palavras são sempre livres e há que coloca-las a serviço de uma causa justa.Sempre.Meu abraço.

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  3. Adorei teu conto.Por isso vim aqui também e essa tua vontade de denunciar esses maus tratos é de aplaudir! abração,chica

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