domingo, 20 de junho de 2010

De posse do objeto


  
E lá estava ela novamente olhando a vitrina. Uma compulsão tomava conta de todo seu corpo, frio e calor misturavam-se alternadamente. Não conseguia compreender tamanho fascínio pelo objeto exposto. Comprá-lo tinha se tornado uma obsessão. Era apenas questão de semanas. Mas, às vezes, um pensamento surgia rapidamente e junto uma sensação de que deveria protelar um pouco mais, pensar melhor, já que não via utilidade alguma nessa compra. Não era uma pessoa dada a caprichos e indecisão também não fazia parte de sua personalidade. Por que, então, não entrava na loja e acabava logo com essa aflição? Medo? Olhava o objeto delicadamente arrumado sobre a maleta preta. O tamanho perfeito, a cor prata brilhante conspirava e fortalecia seu desejo. 
Nesse intervalo, no qual se permitia todos os dias, entre o caminho para o trabalho e a loja um mundo novo surgia. E, dia após dia ela se via de posse do objeto. Chegava à sua casa, tirava lentamente os sapatos, o casaco, a blusa, despia-se toda.
Livre deitada no chão duro, como numa relva, somente o silêncio como testemunha de seu corpo disforme.

Um comentário:

  1. Meus queridos,não resiste ao exercício,e como alguém já disse "Insônia não é falta de sono; é excesso de despertar". Então...rsrs
    bjus a todos

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