O
gênero policial se compõe basicamente de um crime e um detetive. Diferente do
Terror, o Policial aposta no mistério e na lógica para prender a atenção do
leitor. Seus personagens principais são sempre (criminosos e policiais) dotados
de uma inteligência ímpar e o duelo desses gênios costuma ser o ponto alto do
gênero. Autores do gênero Policial: Arthur Conan Doyle,
Dashiell Hammett, Raymond Chandler, Luiz Lopes Coelho...
A morte de Maria
Pia
Denúncia sem palavras
Encontraram o corpo na estufa, cercado de
begônias, avencas e samambaias. Estendido de costas, com uma tesoura de jardim
enterrada no ventre. Agonizante, Maria Pia arrancara do peito uma cruz de
ametista: ainda a segurava, apoiada no solo, com a haste maior para cima. Paralisara-se
a outra mão no cabo da tesoura, na vã tentativa de arrancá-la. O corpo
atravancava a única passagem da estufa, dividida por ela, cheias de vasos e
xaxins, no chão e em prateleiras. Os pés voltados para a entrada. Não havia
sinais de luta nem de violência carnal. Ao seu lado, cinzas de cigarro. Inelutável
o raciocínio do velho Leite: se essa moça, depois do malogro do noivado, levou
vida de freira, como está comprovado, o seu assassinato deve ser procurado na
fase pregressa quando vivia normalmente com a família, na escola, entre os
amigos.
Excluía a hipótese de
ser um desconhecido ou tarado o autor do crime. Quando Maria Pia entrou na
estufa, lá não havia ninguém, e a pessoa chegada depois era de suas relações,
necessariamente. Explicava por quê. Primeiro, a disposição das plantas não
permite um esconderijo. Segundo, se Maria Pia topasse com um desconhecido, não
entraria na estufa. Terceiro: estava o corpo de costas, ocupando toda a largura
da passagem, e os pés voltados para a porta. Maria Pia encontrava-se, portanto,
de frente para a entrada da estufa, quando foi atacada; logo, já se achava na
estufa, quando o assassino chegou. Quarto: correspondendo as cinzas encontradas
a dois cigarros – e Maria Pia não fumava – depreende-se ter havido uma conversa
mais ou menos longa entre a moça e o visitante. Por fim, Maria Pia conhecia o
assassino, e o assassino deve ser procurado entre as pessoas de suas relações
no tempo pré-monástico.
Luiz
Lopes Coelho
Luiz Lopes Coelho (1911-1975) escritor- literatura
policial. O Homem Que Matava Quadros- A
Ideia de matar tia Belina- entre outros.
PROPOSTA
DATA DA POSTAGEM 26/07
Escreva uma narrativa coerente, criativa, com base nos seguintes dados:
O(s) criminoso(s); como
o crime se deu; as causas.
Mistério...suspense... e uma boa dose de imaginação. Então, meus queridíssimos, agora é só "brincarmos(delícia) dessa coisa séria que é o exercício da escrita.
ResponderExcluirabraços.
sueliaduan
Bela tarefa amiga.Um exercicio que ainda não me ousei.Vamos tentar.
ResponderExcluirUm carinhoso abraço de minha admiração.
Bjo.
Que bom que gostou,Toninhobira. "Ouse", mas de antemão digo que iremos nos deliciar com seu escrito.
ResponderExcluirHá certo preconceito em relação ao gênero policial (uma escrita "menor"). Mas há vários livros, estudos com uma outra visão, e um que gosto muito é: "Sobre Gênero policial: a metafísica do conhecimento em Zodíaco -artigo de Fernando de Mendonça"
abração
Uma triste história que poderia ser realidade, muito bem narrada numa escrita menor.
ResponderExcluirParabéns Sueli! ficou ótima!
Prazer conhece-la. Ivany
Prazer também querida Ivany.
ResponderExcluirEu sempre gostei muito dos contos do Luiz L.Coelho. E ele também foi um dos responsáveis "na luta" para "derrubar" essa visão do gênero policial como sendo uma escrita menor.
Forte abraço.
Prazer também querida Ivany.
ResponderExcluirEu sempre gostei muito dos contos do Luiz L.Coelho. E ele também foi um dos responsáveis "na luta" para "derrubar" essa visão do gênero policial como sendo uma escrita menor.
Forte abraço.