O relógio diz às horas que ele teima em repetir a observar,
esperando algum lapso no tempo-espaço que pudesse engolir sua ansiedade, suprir
essa necessidade de espera. Algo que pudesse aliviar todo esse sentimento angustiante
que lhe causa todo esse desconforto, mal-estar representado pelos seus dedos
tensos e entrelaçados. Estes mesmo dedos que teimam em lhe coçar a garganta,
seca, enquanto espera.
A espera, por alguém. Alguém que ele nem tem certeza de que
ira chegar. Mas ali está ele. Em todos os horários, olhando pro relógio da
parede esverdeada daquele quarto, sozinho. Observa lentamente cada segundo
custoso a percorrer aquele relógio, enquanto oscila entre rompantes de ódio,
amor e desespero.
“Ele não vem, ele não se preocupa, ele nem lembra meu nome”.
Pensamentos recorrentes, enquanto vê os ponteiros praticamente paralisados
daquele mesmo relógio, naquela mesma parede, daquele mesmo quarto e ele,
sozinho, encostando sua costa travada naquela parede gelada, e esfregando com
força os olhos para esquecer essa espera sem sentido por alguém que nem ao
certo poderia afirmar que algum dia irá chegar.
Porque se preocupar a tal ponto? De se fixar nestes
ponteiros, por alguém. E por você mesmo, evaporar se numa sala e condensar se
no mesmo lugar horas depois, ainda esperando. As respirações ofegantes
sufocam-lhe a lucidez que se esvai com os tics sem tac do relógio mudo. Até
quando ele vai se manter nessa espera? Ali, parado.
Olhando pra transfiguração desse tempo parado, essa situação
desmarcada do compasso do próprio tempo. E mais um segundo se passa,
sincronizando os horários. Pensando em mim? Que chegue então. E nunca chega, nunca.
Mas a espera não cessa. A pessoa não deu nenhum sinal e ele, feito bobo, está
destinado a ficar parado ali. Bem ali, naquele quarto verde, enquanto o relógio
ainda funcionar e ele tiver algum motivo bobo para ficar.
Nossa, que situação terrível Sueli, esperar por alguém... o enontro deveria dar-se com a própria pessoa.
ResponderExcluirBeijos e bom fim de semana.
Terrível sim, minha querida, profundo e belíssimo Elisa Zambenedetti, grande Márcio Moraes né.
ResponderExcluir...sufocam-lhe a lucidez que se esvai com os tics sem tac do relógio mudo".
ResponderExcluirArrepiei-me! Chegou (a mim) quase com uma cena (cinema? teatro do absurdo :o)) Narrativa deliciosa Márcio e um questionamento incrível dessa "nossa espera". E eu me pergunto (e ouso responder) :- "de nós mesmos"?
gratíssima
Eu tenho problemas com esperas, não consigo esperar com paciência. Fico angustiada.
ResponderExcluirA espera infinita que rouba a paz,estilhaça na lucidez.Beleza de criação do Marcio uma grata participação.
ResponderExcluirParabens Marcio sua presença enobrece este belo espaço da Sueli(nosso)rsrs.
Um abraço Sueli,gostei.
Amei Márcio... seja bem vindo e volte sempre!!
ResponderExcluirCarina.