Quintana, Mário. A preguiça como método de trabalho. Rio de Janeiro, Globo, 1987.p.93-4.
O retrato de Eurídice
Não sei por que há de a gente desenhar objetivamente as coisas: o galho daquela árvore exatamente na sua inclinação de 47 graus, o casaco daquele homem justamente com as ruguinhas que no momento apresenta, e o próprio retratado com todos os seus pés-de-galinha minuciosamente contadinhos... Para isso já existe a fotografia, com a qual jamais poderemos competir em matéria de objetividade.
Se tivesse o dom da pintura, eu seria um pintor lírico. Quero dizer, o modelo serviria tão-só de ponto de partida.
E se me dispusesse a pintar Eurídice, talvez viesse a surgir na tela um hastil, o arco tendido da lua, um antílope, uma flâmula ao vento, ou uma forma abstrata qualquer, injustificável a não ser pelo seu harmonioso ímpeto e, câmara lenta, pela graça da linha curva em movimento, porque Eurídice afinal é tudo isso... É tudo isso e outras coisas que só os anjos e os demônios saberão.
A proposta descritiva de Mário Quintana nos proporciona possibilidades sensoriais e imaginativas muito grandes. Observe que o poeta se propõe a utilizar imagens que não têm nenhuma relação direta com o objeto retratado, criando um processo de grande intensidade poética.
DATA DA POSTAGEM- 16/08/2010
PROPOSTAS
Com base no mesmo procedimento da proposta descritiva de Mário Quintana, que imagens você utilizaria para descrever:
1-uma mulher de formas suaves e equilibradas.
Ou pode optar
2-um homem de estrutura física bem proporcionada.
Espero que tenham muito prazer com mais esse trabalho.
ResponderExcluirbeijo
Hum... acho que já gostei...rs... bjs
ResponderExcluirquiótimo! :o)
ResponderExcluirbjs
taí, gostei!
ResponderExcluir;)
Quintana é de uma sensibilidade incrível.
ResponderExcluirBom voltar aqui!
Fico muito feliz, Roselaine Funari e Deisily de Quadros, voltem sempre :o)
ResponderExcluirabraços